Secretário-geral da ONU alerta para fome no mundo com guerra na Ucrânia

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou nesta segunda-feira (14) para as repercussões da guerra entre Rússia e Ucrânia, que poderia resultar em um “furacão de fome” em muitos países.
A suspensão da produção agrícola na Ucrânia e na Rússia devido ao conflito atingirá “mais duramente os mais pobres e semeará instabilidade política e mal-estar em todo o mundo”, destacou Guterres à imprensa em Nova York.
‘Não imaginava o que era guerra’, diz brasileiro na Ucrânia após ataque Presidente da Ucrânia vai discursar no Congresso americano nesta quarta Loja ucraniana produz barreiras com espinhos para conter tanques russos
“Esta guerra afeta muito mais do que a Ucrânia”, acrescentou. “Os preços dos cereais já superaram os do começo da Primavera Árabe e os distúrbios por alimentos de 2007-2008”, afirmou, acrescentando que o índice mundial de preços dos alimentos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) “está em seu nível jamais registrado”.
“Devemos fazer tudo o possível para evitar um furacão de fome e o colapso do sistema alimentar mundial”, destacou Guterres. Rússia e Ucrânia são considerados “o celeiro de cereais” do mundo. No total, “45 países africanos e os menos desenvolvidos importam pelo menos um terço de seu trigo de Ucrânia ou Rússia; 18 destes países importam ao menos 50%. Isto inclui países como Burkina Faso, Egito, República Democrática do Congo, Líbano, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen”, disse Guterres, que voltou a pedir o fim das hostilidades. Enquanto isso, o secretário-geral adjunto para Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, anunciou a liberação de 40 milhões de dólares do Fundo Central de Resposta a Emergências (CERF) para a Ucrânia.
A guerra neste país já deixa mais de dois milhões de deslocados, “mas muitos não podem sair de seus lares devido aos intensos combates em cidades como Mariupol, Karkhiv e Kiev”, informou um comunicado de seu gabinete, que registrou “24 ataques a instalações sanitárias” até hoje. “Frente a esta crise sombria, que piora, mobilizamos um esforço de assistência maciço”, disse Griffiths. Estes 40 milhões de dólares “são essenciais para iniciar as operações” disse, acrescentando que “um financiamento rápido e flexível pode fazer a diferença”